quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

[Oficina] Crónica | Parcialidade ou Veracidade?

Texto de Joseckitas de
Messias. Benguela, 27/01/16
Até hoje não sei a que instituição pertence um ou outro dos dois substantivos acima mencionadas. E se uma das duas merece tal substantivo, é por um discurso parcial ou verosímil por parte da população angolana?

Questionei-me filosofando com o meu eu lírico, quando atonitamente uma Senhora tentava tirar uma resposta aos funcionários de uma escola primária (propositadamente não relato o nome) a seguinte pergunta: “Até uma matrícula para a iniciação é preciso um atestado médico? O país está mesmo a desenvolver”. “Infelizmente minha senhora, sem o atestado médico não se faz a matrícula!”, retorquiu o funcionário.

Convidaria alegremente o caro leitor a jubilar-se comigo, tentando satisfazer os apetites da lógica e da fundamentação convincente desta ceia de que muitos se servem diariamente, mesmo conscientes da desnutrição que ela causa aos nossos bolsos (ainda mais em tempo de contenção de gastos), e os nossos apetites intelectuais.

Não obstando a razão e a necessidade da existência de tal dossier, mas sim o processo de acesso ao documento em causa, mesmo a partir das Instituições autorizadas a ceder o mesmo, o processo de acesso é em termos mais luzentes “uma fachada”, pois a um documento de tal importância não se poderia ter acesso sem os devidos testes de saúde, que no caso é o mais relevante.

Em contrapartida, as Instituições que aceitam, ou seja, que exigem e recebem o dossier em causa, de tanta parcialidade ou verosimilitude, caso tais substantivos lhes caibam, não se importam com a verosimilitude saudável que o candidato apresenta, mas sim pela verosimilitude que o tal dossier de “fachada” apresenta, deixando vagamente a informação que até a um neófito em vida não deixa qualquer dúvida: um extremo embuste a existência de tal dossier perante a inserção numa actividade social e essencial para o cidadão (Escola).

Ainda eu aqui, sinto lamentavelmente a posição em que têm sido colocados os cristãos, que inconscientemente, provavelmente, têm sido obrigados a “desonestar” as suas honestidades perante a uma acção dessa: “infelizmente, minha senhora, sem o atestado médico não se faz a matrícula!”

Uma frase que, semanticamente, nos traduz uma péssima posição na fotografia do carácter necessário para um então desenvolvimento do nosso país: sem mentiras não se constrói uma nação, que aliás é uma tradução genérica e apetrechada de um indivíduo que há tempos se dedicava em destruir o seu próprio país com a frase “uma mentira quando é repetida muitas vezes pode se transformar em uma grande verdade”.

Portanto há aqui dois substantivos para cada uma das instituições: Parcialidade ou Veracidade. Mas uma realidade é certa: para tal atribuição adjectiva haverá uma grande dificuldade.

Nota do Blog Angodebates: No ano em que completa o 10.º aniversário, o nosso Blog lançou um desafio de crescer junto com os seus leitores, abrindo para o efeito uma oficina para a divulgação de contos, crónicas e poesia de autores com ou sem livros. Como é natural, teremos colaboradores principiantes, pelo que lá onde for necessário, a gestão editorial do Blog fará ou sugerirá arranjo. O que esperamos é no futuro olhar para o primeiro texto de cada colaborador e festejarmos o progresso que for alcançando. 
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