quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Era bom

De aspirações em aspirações, que em 2015 os generais não andem muito perto de DJ's, costuma dar assim uma combinação não muito aconselhável em termos de valor humano, quando confrontados com a ideia de que determinados sectores não podem funcionar na lógica daqueles. É que uma pequena amostra no último dia do ano, pior ainda por se tratar de tio e sobrinho, embriagados pelos sobrenomes e cognomes, revelou isso mesmo. Então se ele disse que era do tio general, vocês não podiam facilitar? Um gajo sai de longe para vir tratar disso; vocês são comandante em chefe? Ó tio, e eles me conhecem; eu ainda falei que o tio daria indicações ao telefone. Quer dizer, isso porque num país em que abanar o traseiro ao som de um qualquer tom eletrônico caminha para símbolo nacional, é um insulto não conhecer um DJ metido à entidade, tendo como base as noites que tiver animado por cá e por terras lusas. Nem em nome do bom senso se pode contrariar a agenda de um general, mesmo que o paradigma seja civil, ou um DJ, mesmo que quem o aborda não venere farras e raves e caipirinhas e shots, e afins. Such a shame!
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Oratura: O fim d'ano e a manifestação de hospitalidade entre os Ovimbundu

Até há pouco menos de 15 anos, ainda se via nas principais cidades do litoral de Benguela o saudável "assalto" à meia-noite com cantares a batucadas improvisadas, jornada que se prolongava até ao final do dia.

O Natal, ainda mais o Ano Novo, faziam renascer o reencontro, a reafirmação da socialização e indirectamente a capacitação para a vida do ponto de vista antropológico, havendo a realçar a casa com...o ponto de partida da partilha.

"Twapandula ciwa/ weh/ etali ulima wapwa" (Estamos bem agradecidos/ eh/ hoje termina o ano) 

- trecho de gratidão no contexto de "se-se", um ritual popular Umbundu (com escalões de crianças, de homens e de mulheres), que consiste em andar de porta à porta cantando e dançando em celebração da passagem de ano. O anfitrião corresponde regalando bens alimentares, os quais serão consumidos em piquenique no dia seguinte.

Quando o coro é respondido com avareza, a sanção é por via do canto também:
"Ove ku kwete cimwe/ weh/ nye watungila onjo?" (Se dizes nada ter, por que é que construíste a casa?)

"Ha njala ko/ tucipangela onatale/ ha njala ko/ tucipangela ombowanu (não é questão de fome/ cumprimos apenas a praxe de natal/ não é questão de fome/ cumprimos apenas a praxe de bom ano).

Gociante Patissa, vo Mbaka
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Crónica| O pasteleiro do jeep preto

São cinco agentes, um sentado, quatro em pé. Contemplativos, olhares incertos na direcção acinzentada da montanha.

Poucas horas faltam para encerrar o dia, o ano. Grande evento para quase todos, presença obrigatória para um chefe de família. Eles é que com as suas casas não podem nem sonhar, são polícias da unidade aeroportuária e estão (como sempre foi e será) em prevenção permanente. Relaxar não podem, pois há uma aviadora com voo nocturno agendado.

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sábado, 27 de dezembro de 2014

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Citação

"Acho que a arte é livre, pelo menos no meu conceito (...) Eu tive problemas, debates sérios em casa, com a família, por causa da linguagem explícita das minhas músicas. Mas isso começou a diminuir quando essa música começou a pôr comida na mesa" (Extremo Signo, cantor de RAP, entrevista ao programa "Tchilar", TPA2, Luanda, 26.12.2014)
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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Fragmentos de um hino cristão que ouvi há pouco na rádio morena comercial

UMBUNDU: olombwa viñami otekula/ osimbu okuti olosiwe vitala ohali?/ Olongato viñami otekula/ osimbu okuti ovilema vipinga osimõlã? Viñami otekula/ osimbu okuti olosuke vifila voluwa? (...) Tulavoka Suku yokilu/ una wakulihã cilyalya olosiwe/ ovilema/ olosuke"

MINHA TRADUÇÃO: quantos cães estás a criar/ enquanto vários órfãos passam necessidade? Quantos gatos estás a criar/ enquanto pessoas com deficiência andam a pedir esmola? O que mais estás a criar/ enquanto os mendigos morrem ao relento? (...) resta-nos esperar pelo Deus do céu/ aquele que conhece o que alimenta os órfãos/ pessoas com deficiência/ os mendigos.
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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Crónica| Desafiando o evangelho a olhar para a cidadania

Dos tempos em que frequentei o grupo coral infanto-juvenil da IESA (Igreja Evangélica Sinodal em Angola), isto entre 1989-1994, salvo erro, fica-me a agradável lembrança do sentido de rigor criativo dos hinos.

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Diário| A propósito das identidades e dos "cabelos da moda"

O amigo Ras Nguimba Ngola partilhou no seu mural o que considera vexame para a mulher africana, o facto de as misses usarem "cabelos emprestados", ao invés de concorrerem com a sua cabeleira natural, em se tratando de concursos de beleza. Bem, tendo em conta o meu quilométrico comentário lá, tomei a liberdade de o trazer para a minha própria varanda. Vejo que a questão é um pouco mais complexa do que isto. A mim, por exemplo, as misses dizem pouco, quer dizer, dizem o que representa o culto à beleza enquanto comércio. Penso que as mulheres com altas responsabilidades nacionais podiam alimentar nossas esperanças. Era só ver quantas ministras se revêem na sua própria identidade. Não faço apologia a radicalismos nem à negação do que há de positivo naquilo que de ocidental herdamos, obviamente. Há, entretanto, que convir que não está nas misses o problema, mas sim nos modelos que seguem e nos estereótipos alienantes herdados de séculos de lavagem cerebral para a auto-negação e adopção de características que nunca as teremos. Quem é que define os padrões do figurino?
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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