segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Breve nota sobre a noite dos 100 anos do Lobito

O show que marcou a noite de comemoração do centenário da cidade do Lobito, organizado pela empresa LS Republicano, encaixa-se nos melhores a que assisti nos últimos cinco anos, e ainda por cima só com músicos angolanos. É certo que não me encanta uma considerável parte do produto desfilado no palco, sobretudo a insistência no playback e o humor "entulho" (não entendo porque razão têm os "nossos" humoristas que se parasitar na satirização da figura do kudurista Nagrelha ou nas características físicas de outros artistas. Não era altura de tirarem férias para enriquecer um pouco a inteligência dos conteúdos e nivelar para cima? E depois se chateiam quando o "Naná" diz que é estado maior da cultura angolana - perfil que, já agora acrescento, a mim pelo menos não representa minimamente enquanto fazedor de cultura). Por outro lado, senti que está na altura de os nossos artistas respeitarem um pouco mais o trabalho dos profissionais de imprensa, têm que deixar de dar ordens aos operadores de câmara, por exemplo, quanto à forma de captar os melhores momentos do show (se o câmara não manda em como se deve cantar e dançar, não está na hora de o cantor deixar que seja o outro também a fazer as coisas dento da sua visão/inspiração?). Outra nota negativa vai para uma generalizada carência de afirmação entre jovens e adolescentes "no povo", que faziam de tudo e mais alguma coisa para se evidenciarem (e pelas piores vias), incluindo proferir insultos/palavrões aos cantores, exibicionismo no consumo do cigarro e álcool, entre outros. Mas, no geral, o balanço foi de todo positivo. Postura impecável na manutenção da ordem pública, emergências médicas, bandas bem entrosadas, poucos discursos de governantes e autoridades, quer dizer, tudo a meu ver dentro do espectável. Melhor ainda foi ver a entrega do público, que vibrou e ajudou a colorir em consonância com os aproximadamente 20 minutos de pirotecnia (fogo de artifício). Assim já vale a pena perder algumas horas do sempre precioso sono. Quem vive no Lobito pode ainda usufruir da tolerância de ponto. Já eu que tenho de trabalhar, por lá fiquei até perto das quatro horas da manhã.

Parabéns, ó cidade que me acolheu ainda aos sete anos de idade.
Gociante Patissa, Lobito 2 Setembro 2013
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