quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

sou citado como cronista (texto de Gociante Patissa, publicado aqui no Blog Angodebates, é a ferramenta de trabalho) neste exercício institucional da REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA - GOVERNO REGIONAL SECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA ESCOLA SECUNDÁRIA JAIME MONIZ Nº de Código do Estabelecimento de Ensino 3103-201, 2011/2012

(o texto é acessível como download do micrisoft word, através do link seguinte)


http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=78&ved=0CFwQFjAHOEY&url=http%3A%2F%2Fefajm.wikispaces.com%2Ffile%2Fview%2FFicha_Uni7_Dr1.doc&ei=SjYhT52qG8eSOv6DkMwI&usg=AFQjCNF9pLAl493V3e8q3INZrxy8sSoKmg





REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA
GOVERNO REGIONAL
SECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA
ESCOLA SECUNDÁRIA JAIME MONIZ
Nº de Código do Estabelecimento de Ensino 3103-201
2011/2012
Cursos de Educação e Formação de Adultos

EFA Portaria nº80/2008 de 27 de Junho

S – Tipo A

Área de Competência Chave:
Núcleo Gerador:
Domínio de Referencia:
Data:
Cultura, Língua e Comunicação
Saberes Fundamentais (SF)
DR1 Contexto
Privado
09-01-2012
Formando:
Documento: Cultura/Língua/Comunicação DR1



Tema: Clima

Competência: Intervir tendo em conta que os percursos individuais são afetados pela posse de diversos recursos, incluindo competências ao nível da cultura, da língua e da comunicação.

Recursos/materiais: Computador, papel A4, Livros para consulta, Internet.

Guia de Trabalho

No âmbito do tema “O elemento” sugere-se a resolução desta Ficha de Trabalho n.º1. O exemplo proposto para trabalhar este tema é “O individuo e o projeto”.

Pretende-se que reflita, pesquise e responda ao questionário que acompanha o texto, que será materializado em suporte escrito.

Deverá indicar sempre as fontes consultadas, não podendo simplesmente copiar ou plagiar informação.

O seu conhecimento pessoal sobre o assunto deverá também fazer parte do trabalho.

Pode consultar ainda livros científicos, revistas científicas, Internet ou outros recursos, no sentido de obter informações que vão ao encontro das solicitações da ficha. Poderá ainda consultar outros elementos que considerar pertinentes.



Tópicos
Cultura:
Tipo I – Identificar os diversos contextos que podem afetar a configuração das trajetórias individuais (família, escola, locais de trabalho, redes de sociabilidades).
Tipo II – Compreender de que modo as oportunidades/contextos de formação não formal (aquelas que não conferem títulos escolares) constituem uma das fontes da aprendizagem ao longo da vida e podem contribuir para o reforço de recursos culturais.
Tipo III – Explorar, a partir da própria história de vida e/ou da de outros, em que medida a alteração da posse de um (ou mais) tipo de recursos – económicos, culturais, sociais – afectou a evolução da trajectória pessoal.

Língua:
Tipo I – Identificar em memórias, diários, cartas, retratos, elementos de natureza informativa que expressem trajetórias individuais ou colectivas.
Tipo II – Compreender, em textos orais e escritos, as variedades linguísticas individuais ou regionais.
Tipo III – Atuar adequadamente face aos textos orais e/ou escritos, desenvolvendo a capacidade de autoanálise, conhecimento e aceitação do outro.

Comunicação:
Tipo I – Identificar aspetos de uma determinada situação de comunicação veiculada pelos media, exemplificativa das relações interpessoais.
Tipo II – Compreender, através do visionamento/leitura de diversos media, as diferentes intenções do emissor e os efeitos produzidos no receptor, consoante os aspetos distintivos individuais ou contextuais.
Tipo III – Atuar, com recurso à informação facilitada pelos media, relatando vivências e experiências relativas ao conhecimento da (s) sociedade (s) onde a língua portuguesa é falada.


Ficha de trabalho

I
Leia o texto com atenção e responda correctamente ao questionário que o acompanha.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWccfWSLn46XTTXD-dteUtQ0nvlLaH9VYI3CFFArtK7-dCNsaELNLnuoB0CCz3kRaUFjBh4DzUi0ooK_5ZirZ63RQOL8JVZfMoSDlvA0oHYrz-FiIxWPbHZHZlJd4B45NgwszL/s320/Retrovisor+G.Patissa.jpgA guerra tinha o hábito de entrar muito cedo na vida de alguns angolanos. Na minha também.
Há já dois anos que, ao contrário de muitos, o meu dia preferido no serviço é a segunda-feira, quando cada colega chega e conta como foi o fim-de-semana… atenua a chatice de desempenhar uma função sem prazer nenhum, entretanto impotente para desempregar-se, qual prostituta apenas atrás do pagamento.
Esta semana, por exemplo, um dos colegas queixava-se do cansaço físico. E eu, todo ouvidos, fui agarrado de surpresa ao saber que era devido à “kitota” (guerrilha). E enquanto o meu lado tendencioso especulava qualquer coisa como “andar na rosca”, lá vinha o desenvolvimento da notícia. “Uma kitota mesmo a sério… com balas de tinta”. Puxei os lábios para trás, como que a sorrir, enquanto procurava entender o sentimento que me “possuía”. O colega e amigos tinham-se divertido à brava, no Vale do Cavaco, brincando de guerra.
Sem estragar o entusiasmo do outro – legítimo aliás para quem andou envolvido num passatempo radical –, quando dei por mim, já a mente vagueava nas memórias de infância.

A nossa vida na comuna do Monte-Belo, antes mesmo de completarmos cinco anos, resumia-se em duas palavras: uma era brincar e a outra guerra. Atenção, nunca combinadas! Incluíamos no pólo do brincar coisas como ir à escola, apanhar gafanhotos, correr atrás da jante ou arco qualquer que aparecesse, fazer amizade com soldados (sobretudo os cubanos, que passavam de quando em vez em colunas para o Huambo). Já no pólo da guerra incluíamos o cuidado a ter com a manta (o frio era impiedoso no mato, e a noite durante um ataque parecia nunca mais acabar!), bem como o respeito pela mãe (em cujas costas nos agarrávamos na hora de fugir).
Foi assim até 1985, quando, por fim, os meus pais se convenceram de que restava vir ao Lobito, onde era (um pouquinho mais) possível viver. E lembro-me bem da viagem, de como a minha mãe chegou, de certo modo, a ser obrigada a se esconder no frigorífico (desligado, claro, ou eu choraria até estragar o plano); tudo, porque as forças tinham de impedir que a força camponesa se evadisse para a cidade.
Voltando à conversa com o colega, as marcas do impacto das balas na pele enrubescida não deixavam dúvida, ou seja, doía um pouco mas era a brincar. Não era nada de verdade, como o é a cicatriz na bochecha da minha mãe, “tatuagem” do estilo de cauda de lagartixa, desenhada por uma bala “perdida” a meio da noite, quando ela me trazia às costas… (não fosse a “péssima” pontaria do atirador, ter-se-ia alojado na minha cabeça o chumbo, e você ficaria livre da maçada de ler esta crónica.)
Li algures que só se é criança uma vez, sendo os anos mais maravilhosos da nossa vida. O que o livro não dizia era se havia borracha para fazer “delete” de certas lembranças. Se hoje, por exemplo, me disserem, “shii, cala-te, você fala muito!”, algo que acho que não gosto muito de ouvir, automaticamente me lembro da primeira vez que mo disseram: foi na mata (porque quem se esconde deve estar calado).
Por que não brincar de guerra hoje, eu também? Mas será que cheguei algum dia a desarmar o conceito de guerra? Lembro-me de ter ganho, já no início da década de noventa, uma metralhadora de brinquedo, preta, coronhada móvel, bonita mesmo diga-se, de balas plásticas vermelhas. Mas não cheguei a usá-la porque fazia parte daqueles brinquedos que, sendo nossos de nome, eram para enfeitar, por isso, bem penduradinhos longe do alcance das crianças (anos depois, quando me foi entregue, já o mecanismo do gatilho havia ressequido). A euforia de inaugurar uma arma, como aquela, talvez ajudasse a me “familiarizar” com a guerra – bom, agora quem vai saber?!
De qualquer modo, agradeço aos militares e aos políticos! É que, como dizia o outro, “ninguém, excepto os vermes do cemitério, ganhou com a guerra”. Viva a PAZ, viva Angola!...

Gociante Patissa, aeroporto da Catumbela, 12 de Abril de 2009In: http://angodebates.blogspot.com/2009/04/cronica-vamos-brincar-de-guerra.html

Atividades
Após a leitura do texto, proceda à resolução do questionário. Pode também consultar a Internet ou outros meios que considere pertinentes.

Tipo I, II e III

1.      Sublinhe nos dois parágrafos iniciais as marcas da presença do autor do texto.

2.      Identifique o que motivou a que o cronista se recordasse da sua infância.

3.      Faça o levantamento de marcas próprias de Língua Portuguesa falada em Angola.

4.      Destaque os acontecimentos que marcaram profundamente a forma de pensar e de sentir do autor.

5.      Na sua opinião, de que forma é que ele foi influenciado por esses eventos.

6.      “…atenua a chatice de desempenhar uma função sem prazer nenhum…”.
6.1  Com base nesta expressão, comente a perspetiva que o autor possui acerca do seu emprego a longo prazo, bem como das razões para não alterar essa situação.

7.      Pesquise através de diversos meios os motivos que estiveram na origem do conflito social de que fala o texto, de modo a poder debater com os seus colegas acerca do tema.

8.      Retire do texto dois exemplos de palavras agudas, graves e esdrúxulas que sejam acentuadas graficamente.
Bom trabalho!
O formador: Toni Gomes
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