quarta-feira, 30 de março de 2011

utilidade pública de cá para aqui

excelências, até à próxima sexta-feira, estou incomunicável via telemóvel. O maldito se perdeu, e quem o achou desligou. Aguarda-se pela segunda via. Grato pela compreensão. Nestas horas é que um gajo se convence de ser dependente dessas maquinetas de comunicação. Um abraço
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sábado, 19 de março de 2011

Crónica: Dai-nos, que é hora, lixívia para a língua dos nossos oradores

As poucas árvores relativamente mais próximas do buraco, duas ou três, davam guarida a uma considerável parte de gente, homens, mulheres e grávidas rendidos ao poder da sombra perante um sol banhado de calor e humidade. Havia mesmo uns que, ainda assim, levavam a mão à testa em jeito de pala. Mas, como é típico de actos fúnebres, há sempre aqueles mais directamente afectados, ou ao menos tolerantes ao clima, aqui incluso o leitor da biografia.

11h00 da manhã. Sábado. Cemitério da Catumbela. Na tábua, vítima de doença, a Roséria, prima-irmã de primos-irmãos meus da parte de pai. Uma doença que, de tão apressada, mais não precisou do que meia semana para retirá-la quieta, logo ela que vinha perseverando no comércio por conta própria. Teria partido para a China na próxima segunda-feira, se…

O elogio fúnebre não foi longo nem curto, teve o tempo, as pausas e ênfases suficientes. Também, verdade seja dita, andava a plateia espalhada pelas árvores e arbustos do campo santo, como já dito, em busca de sombra. Para não dar muitas voltas, diria que quase todo o mundo conhecia a mana Roséria, e pouco ou nada de extraordinário acrescentaria a narração às memórias do convívio com ela.

A aparente obviedade, entretanto, se quebra quando um homem alto, bem nutrido, cabelo em escovinha, camisa preta e gravata começou a falar, sem que conseguíssemos notar, de onde nos acoitávamos, se lhe fora concedida a palavra. Deu-se a identificar como obreiro da Igreja Universal do Reino de Deus, quer pelo sotaque mecânico abrasileirado, quer pela tendência do verbo. Os cochichos não demoraram, pois não foi vista no óbito a IURD, durante as duas noites que antecederam o enterro, para cânticos, entre outras coisas típicas nestas ocasiões.

E o orador, que suava o mesmo amoníaco de gente honesta, teimava em desumanizar a morte, atribuindo-lhe uma causalidade baseada na intriga. “Se calhar, entre nós há pessoas que sempre desejaram a morte da nossa irmã”, vomitou. Depois disse qualquer coisa como Deus dá descanso às suas criaturas invejadas cá na Terra. Já não é o criador da vida, e como tal da morte, mas um ser que só dá o bem (de preferência material). A morte, como quis fazer crer, não é natural mas uma consequência da maldade dos homens para com outros, o olho grande e etc. Ora, e aqui uma dúvida, se o mal já está identificado, e tendo em conta que o homem é insignificante perante Deus, por que não desafiar este último a erradicar a inveja?

Era mais fácil esperar por palavras de consolo e esperança (no que também não seria o primeiro nem o último) do que justificações e conjecturas que podem, em meios menos escolarizados, incitar rancores desnecessários. Não nos esqueçamos que o africano, Bantu para não arriscar tanto na generalização, tem uma dificuldade estrutural de aceitar a morte, pelo que recorre à mitologia para a explicar. Até porque, de tão complexas que são as relações humanas, não faltarão coincidências que poderiam ser mais ou menos relacionadas com a especulação do obreiro. Daí à justiça por mão própria não é longo o caminho.

Qualquer dia, na senda da Universal e Mundial, virá alguém ensinar que a fecundação nunca foi do sémen com o ovário mas apenas fruto do milagre. E de tão polissémica a bíblia, até eles alertam sobre o Mateus 24:24.

Para terminar, embora tenha parado de orar há já um bom tempo, volto a fazê-lo hoje: Senhor, dai-nos, que é hora, lixívia para a língua dos nossos oradores.

Gociante Patissa, 19 Março 2011
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quinta-feira, 17 de março de 2011

Noites de quinta-feira mais animadas com música ao vivo e entradas gratuitas em Benguela

Já vai na sua terceira edição a "quinta-feira ao vivo", uma alternativa para o lazer na cidade das "Acácias Rubras". A esplanada do restaurante e bar Tropical, defronte ao vulgarmente conhecido por "jardim milionário", é o palco entre 20h00-22h00. Essencialmente à base de trova, as sessões contam com atractivos transversais, como o humor, estando em perspectiva o ilusionismo.


"Queremos oferecer alternativa ao lazer de todos os que passem por Benguela. Às vezes faz falta um sítio mais com algo ao vivo, diferente das habituais discotecas", realçou o administrador da firma "Business to Business", Martinho Bangula (na foto ao lado da gerente, Djamila Coração), mentor do evento e parceiro do restaurante anfitrião. Quanto à reacção do público, disse: "como é bar, as pessoas sentam, comem e vão. Nossa satisfação é ver as pessoas a vibrarem com os artistas, não esperamos casa cheia, o que é impossível nesta ordem de ideias".
Alguns nomes que despontam no que à trova diz respeito por estas paragens identificam-se com o projecto, como são os casos de Yuri Mulaja, Lázaro (guitarrista e vocalista da Banda Fusão), Yano, Mindo e Miroslav. O Dj DMC é o mestre residente, contando também com a entrega do DJ Vany. No entender de Lázaro (na foto com o violão no colo), "para além do benefício cultural, outra vantagem é que o sítio não é limitado para o curioso que quiser observar", claro, aliado ao factor segurança.

Habituado a dar corpo aos sonhos, Bangula, ele também um escritor e amigo da noite, vive dividido entre o prazer e o desafio das contas a fazer, ou não se tratasse de iniciativa embrionária e suportada com custos próprios. "A nossa principal dificuldade é não termos patrocinadores para a produção, já que fica um pouco difícil arcar com os parcos fundos para não falharmos com os artistas", sublinhou.

Gociante Patissa
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terça-feira, 8 de março de 2011

Estou mesmo aqui, só que mais romântico

Caros amigos e amigas, leitores ou leitoras daqui, venho para uma breve explicação: há pouco menos de uma semana que vim morar para um desses novos bairros onde os que podem vivem à base de geradores, a maioria é à base de velas mesmo. Bom, se luz de vela é romantismo, então... Um abraço com calor de mar na obra!
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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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