domingo, 25 de janeiro de 2009

"Mamã Coragem", um título merecido ou mero jogo de palavras da política Anália Pereira?

Nota: Trazemos para debate uma perspectiva "inédita" da autoria de Edson Macedo (http://edsonmacedo.zip.net/) sobre o cognome "Mamã Coragem". Angodebates

«Anália era uma mulher de garra e era ao mesmo tempo de difícil interpretação pelo menos para mim, porque movia demais os olhos quando se pronunciava mas tinha uma coisa que eu adorava nela: Falava sempre com a cabeça levantada. Verdade se diga que nunca me inspirou tanta confiança nem a achava assim tão Mãe Coragem. Fazia-me confusão como poderia ela ser a Mamã Coragem depois de ter vivido anos a fio pelas "europas da vida" e vindo depois com o culminar da guerra (92) quando tivemos cá muitas mães que contra tudo e todos lutaram muito mais e com muito menos».
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Faleceu hoje a Mamã Coragem, a senhora que teve peito de enfrentar as feras nas eleições de 92 e seguir em frente, mesmo sabendo que não era fácil. Faleceu e a notícia veio assim de repente. Mas quem a viu nos últimos dias deve ter questionado sobre a saúda da Mãe Coragem.

Anália de Vitória Pereira, lutou pelo seu partido, pelo seu povo e conquistou por mérito acento no Parlamento angolano e por lá esteve ao longo de 16 anos até as eleições de 2008 que ditaram o afastamento de muitos partidos que desta vez nem um banquinho se quer conseguiram.

Anália era uma mulher de garra e era ao mesmo tempo de difícil interpretação pelo menos para mim, porque movia demais os olhos quando se pronunciava mas tinha uma coisa que eu adorava nela: Falava sempre com a cabeça levantada. Verdade se diga que nunca me inspirou tanta confiança nem a achava assim tão Mãe Coragem. Fazia-me confusão como poderia ela ser a Mamã Coragem depois de ter vivido anos a fio pelas "europas da vida" e vindo depois com o culminar da guerra (92) quando tivemos cá muitas mães que contra tudo e todos lutaram muito mais e com muito menos.

Mas enfim... Os títulos hoje ganham-se (lembro-me agora assim quase de repente do prémio Internacional de Qualidade ganho pela EPAL e mais recentemente pela ENE) mas lá se foi então a Sra Dona Anália de Vitória Pereira.

Ainda assim, reconhecia-lhe a garra que tinha para a política numa arena de gladiadores como a nossa. Tenho sempre respeito por mulheres com esse tipo de garra e muito menos respeito por elogios vergonhosos e graxistas que vamos ouvir nos próximos dias.

A ida da Sra Dna Anália, nesta data, início do ano, faz-me lembrar das idas também no início do ano de Lourdes VanDúnem e de Beto Gourgel. A ida dela faz-me sentir que ela será bem recebida onde for porque tem alguém que a acolherá tal como, segundo ouvi, ela acolheu vários jovens.

Que ela descanse em paz e que nos ilumine lá de cima para que por cá, as mamãs que aparecerem (e não como a que quer aparecer) sejam dignas do posto de combate e de garra que ela mesmo por direito e verticalidade (a seu geito) conquistou.

Adeus Anália que foi durante vários anos, verdadeira Vitória.
Escrito por Edson Macedo às 22h37, Blog Meu Claro Pensamento
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O Comentário é de outro parceiro bloguista: [Luciano Canhanga] [mesumajikuka]: Apesar da idade, 68 anos, atrevo-me a dizer que morreu a malograda. Num país pobre de mulheres "atrevidas" morrer uma, ainda que velha, sem deixar substituta na ousadia de fazer política num circo masculino é uma perda realmente irreparável. Não será assim tão cedo que venha surgir uma nova "Amália" da política angolana. Que deus a tenha... quero fazer fé que o PLD tenha força para se reerguer de dois duros golpes que sofre num mesmo ano. A ilegalização forçada por via do fracasso no último escrutínio e a morte da líder.09/01/2009 10:16
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1 Deixe o seu comentário:

Soberano Kanyanga disse...

"Mamãs ou Manas Coragem" houve e há muitas. Cada um no seu meio, seu tempo e no seu jeito.
Anália foi corajosa ao ser a primeira dama a desejar mandar nos angolanos todosd (será que houtras não houve? mas na devida altura não se manifestaram). Quanto ao cognome: Não arrisco tantos elogios: Uma senhora tem o marido doente. A guerra movida pelaa UNITA atinge a aldeia de Rimbe, no LIbolo (comuna da Munenga). O filho mais velho está na (casa-de-água). Leva o marido ao hospital da Vila e lá é transferido para o Sumbe. No Sumbe não tem familkiares e ela não tem dinheiro. A saúde do marido degrada cada hora que passa. A Senhora decide levá-lo ao sanatório de luanda onde tem um irmão e uma sobrinha que trabalha no hospital. Para viajar era necessário destilar kapuka para pagar o autocarro da EVA. UM primo do marido depois de embriagada entorna o tambor em destilação. A Senhora não desiste. Faz empréstimo e leva o marido a Luasnda onde morre uma semana depois. Feito o funeral volta viúva, desasmparada, sem dinheiro, com dívidas para saldar e quatro filhos menores. 0 mais velho ainda na casa-de-água tem oito anos e a menina mais nova tem dois. A tradição exige novo funeral (fictício) e depois de um ano o sacrifícioo de um bode para tirar o luto. A guerra aperta. Mais noites são passadas na mata, de baixo de chuva, mosquitos e outras feras, do que nbo casebre. Mão e filhos refugiam-se na sede comunal e nomesmo dia a UNITA ataca. Todos os haveres sãolevados e refugiam-se na aldeia de samba Caringe onde por um mês vive de a custa de trabalhos prestados em lavras de aldeões locais. Com tudo perdido, regressa à aldeia de origem ( mais de 60Km), sem nada, junta trapos e arrisca ir a Luanda onde um irmão a receberia com os filhos. Posta na capital é-lhe dado um casebre, mas tem de se adaptar aos negócios e sustentar os 4 filhos menores. Abdica de amores e sustenta filhos irmão fugido da tropa e sobrinhos abrangidos para a vida militar. Amenizada a guerra em 1987 regressa à terra e recomeça a vida campestre sustentando os filhos na capital. Esta Senhora anónima que responde pelo Nome de Maria Canhanga '[e ou não uma heroina? É ou não uma mamã coragem? Por isso digo:
Cada umano seu tempo, seu meio e com as suas armas.
Luciano Canhanga

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