sábado, 4 de junho de 2016

Revirando o baú | Memória descritiva do estúdio preto-e-branco

Era preciso inovar para agradar o cliente, independentemente de sermos um estúdio artesanal e obviamente limitado em recursos. Os sócios da Foto Kodak, no bairro Santa Cruz, subúrbio a sul do Lobito, tiveram a ideia de dar um toque festivo ao produto durante a quadra festiva. Fui incumbido de adaptar um cartão postal, adicionando-lhe à caneta os dizeres "Feliz Natal e Boas Festas". De seguida, usou-se a técnica de reprodução, que consiste em fotografar fotografias. Na câmara escura, revelou-se o rolo e estava pronto o negativo como maquete de arte. Depois era só inserir no ampliador o negativo da fotografia pretendida no que correspondia a uma metade do papel fotográfico 9/12cm, mantendo bloqueada a outra e, feito isso, proceder ao inverso, isto é, projectar a imagem da maquete na margem restante do papel fotográfico e proteger a primeira, para evitar imagens sobrepostas. Concluído o engenho, ainda à luz laranja da câmara escura, mergulha-se o papel num recipiente com um líquido malcheiroso chamado revelador, num mexe e remexe de mais ou menos três minutos até surgir a imagem no papel. Quando o boneco ganha a tonalidade pretendida, mergulha-se o papel noutro líquido com cheiro ainda menos amistoso que atende pelo nome de fixador que é para, tal como o nome indica, fixar o tom que será o definitivo (o revelador e o fixador, quando escassos no circuito oficial, eram obtidos em esquemas com os funcionários hospitalares da área do Raio X). Para finalizar é só passar por água e secar ao sol, não poucas vezes com ajuda de molas de estender a roupa. Nessa foto captada pelo mestre Lopes, fui o modelo, o empregado e obreiro, tinha eu 15 anos em 1993.
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