quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dario de Melo| Da ideia de que os escritores consagrados não dão atenção aos novos autores (excertos)

Arquivo blog Angodebates
"Eu tenho um bocadinho de medo de conversar com os mais novos, porque tenho um azar muito grande quando converso. Talvez a minha exigência, essa minha cara de indivíduo mau e duro obrigue o mais novo a acabar de ouvir, escapa e nunca mais escreve. Vou contar um episódio: um dia fui a EAL e o Carlos disse-me: olha, esta moça está a me chatear para publicar umas coisas. Li, a menina tinha muito jeito e até lhe pedi se me autorizava a tirar uma parte e eu utilizar. Ela autorizou, saiu daí muito satisfeita e nunca mais apareceu! Quando estava no Instituto Nacional do Livro e do Disco, apareceu lá um jovem, que trabalhava na fábrica de sabão, trazia uma estória para a gente publicar. Li, a estória estava muito boa. Telefonei-lhe imediatamente, o homem ainda não tinha chegado ao local onde trabalhava. Disse-lhe que publico esta coisa e volte porque preciso de conversar umas coisas sobre você. Ele veio, disse-lhe que a única coisa que me parece errada era o título. Se aceitar ponho este título, se não quiser publico como está. Disse-me que sim, senhor, vou pensar. E até hoje! Portanto, o meu medo de ajudar as pessoas é que depois elas desapareçam.
(…)
"O problema da literatura infantil é este: quero um cartão-de-visita para pôr lá escritor. Depois arranjo mais outros dois livros de quatro folhas e vou para a União dos Escritores Angolanos"
(…)
"Eu gostaria de continuar a fazer as minhas crónicas, porque julgo que ponho alguns pontos nos is. Simplesmente já estou em idade de não andar a pedir nos jornais para as minhas crónicas." 

(Dario de Melo, escritor, in jornal O País. Luanda, 17.10.14)
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